segunda-feira, 6 de abril de 2009

Quando todos são iguais

O trabalho dignifica o homem. Frase célebre, mas mal entendida. O grande trabalho edificante do homem consiste no exercício diário de sua análise do mundo, tolerância, compaixão e prática do valores que regem seus atos. Assim, o desemprego não significa desocupação, mas maior tempo para nos ocuparmos de nossos reais interesses, sonhos e reavaliação de metas pessoais.

Na fila do Seguro Desemprego, uma hora e meia de uma experiência incrível e inesquecível de análise da sociedade. Algumas pessoas pouco levantam a cabeça, evitam olhar passantes e demais desempregados, parecem enclausurados na vergonha da desocupação, parecem sentir-se nus. Ali, é como se todos estivessem realmente nus... desnudos de classe, cor, raça... todos igualmente aflitos, escravos da sociedade capitalista completamente desnorteados diante da novidade da liberdade.

Bolsas de marcas internacionais, óculos chiques e celulares de última geração e dentes bem tratados misturam-se a peles judiadas pelo sol, olhos cansados, dentes nunca cuidados por um especialista... antes publicitários, jornalistas, médicos, seguranças, domésticas, motoboys... Naquele momento, naquela fila... todos iguais.

Estar livre da algema que um crachá pode representar é poder olhar pra dentro de si e, em grande parte das vezes, resolver mudar totalmente de rumo e admitir que a estrada que estava sendo trilhada não levaria a lugar algum, não traria felicidade.

Nesses casos, a falta de registro formal em carteira é fato, mas a desocupação é uma opção! É a hora de apostar no sonho, de arriscar, de respirar fundo, caminhar pela rua prestando atenção no movimento das folhas das árvores e concretizar todos os projetos que foram covardemente guardados num lado escuro da alma diante de uma ilusão de segurança que uma assinatura num cadernino de capa azul traz.

Convido-os a subverter a lógica capitalista... ocupem-se de suas paixões e façam delas uma oportunidade de encontrar a felicidade e o trabalho que realmente vale a pena, que alimenta alma, coração e conta bancária.

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