terça-feira, 23 de junho de 2009

Estar só

Solidão é difícil...
Sentir-se só é sentir-se nu frente a si mesmo, é não ter como fugir dos próprios pensamentos. Quando estamos sozinhos, o silêncio é perturbador, barulhento... com o silêncio, ouvimos o coração bater e, no mesmo ritmo das batidas do coração, ouvimos os pensamentos que, em meio ao barulho diário, ignoramos. Muitas das verdades que nos livram de grandes fardos sempre estiveram próximas da gente... Todas as respostas estão escondidas no lugar de mais difícil acesso: em uma tênue linha onde nossa razão encontra nossa emoção, onde brotam os sonhos!

Niguém sonha algo que acha impossível! Se temos um sonho é porque, em algum lugar de nossa alma, acreditamos que seja possível realizá-lo. Evitei ouvir essas vozes do coração e da alma e agora estou surda... porque agora minha alma grita para me alertar de que sonhos não tem um botão de "delete" apenas um "stand by". E acabou o tempo de "stand by", é hora de ligar todos os circuitos internos para ter forças e enfrentar tudo que for necessário!

É hora de fazer acontecer!
"(...) sinto de repente/ uma sensação de orgulho/ se ao contrário de um mergulho/ pulo no ar num gran jeté. quando estou num palco/ entre luzes a brilhar,/ eu me sinto um pássaro/ a voar, voar, voar. toda bailarina pela vida vai levar/ sua doce sina de dançar, dançar, / dançar..." Toquinho - A Bailarina

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Nuances de um amor incondicional




Horas de treinos práticos, leituras de histórias e teorias sobre a arte, discussões pra aprofundar a percepção sobre as práticas artísticas, convivência com música, dança, pintura, fotografia, textos, poesias...

O esforço nunca é demais... horas nas pontas dos pés ou com o microfone nas mãos, horas com os tênis de street, sapatos de flamenco, botinhas de jazz, lenço de dança do ventre ou simplesmente, horas pensando sobre como transformar em movimento todo o êxtase que cada tipo de música transmite.

Dançar é cantar com todo o corpo, deixar a música tomar cada célula e conduzí-las a uma catarse, a um encontro com a essência da existência humana... é estabelecer uma ligação entre a essência da música, com a essência de cada bailarino e de cada espectador... A platéia pode ser o reflexo do bailarino no espelho, os anjos que o acompanham, 1 ou 1 milhão de pessoas... a entrega é sempre intensa, a troca de energia é o que faz tudo ter sentido.

O melhor de mim está no palco, no linóleo, em frente ao microfone ou a um papel em branco, esperando uma nova catarse transformar-se em texto.




É um amor incondicional... porque eu não tenho arte dentro de mim, minha essência é a arte...

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Catarse no palco

Até Nietzsche dizia que a arte é o que dá significado a vida. Acredito que a vida dá significado à arte e a arte dá significado à vida... é uma via de mão dupla. Ele também afirmava que a arte está longe das noções de certo e errado... diferente de Sócrates, que subordinava o belo à razão e dizia que tudo deve ser inteligível pra ser belo.

Mas o que é realmente belo, arte, toca a alma...

R.G. Collingwood, nos idos dos anos trinta, era enfático quando declarava: "a arte é o remédio para a pior doença da mente: a corrupção da consciência".

No palco sinto esse poder de cura... sei que pertenço ao palco, que ali é meu altar, onde estou mais perto de Deus, Shiva, Alá, Ganesha, anjos, deuses, santos e energias que fazem o mundo ser mundo. Colocar a alma no olhar, nos gestos, na voz, na ponta dos pés, em todas as células do corpo e oferecer à platéia é a sensação mais plena... a certeza de que um pequeno gesto pode transformar vidas, acalentar corações, emocionar, estimular a catarse.

No palco, estou inteira, corpo, alma, espírito e coração... Naquele espaço, sei que tudo posso, fico em mais profundo contato comigo mesma e com tudo a minha volta.

Não tem explicação... ao final do show, lágrimas... o transbordamento da felicidade plena!